domingo, 4 de novembro de 2007

entrevista _ QUINZEDENE _ parte 1


QUINZEDENE é uma das maiores revelações musicais de 2007. Pelo menos pra mim, já entrou no panteão de bandas muito legais que são injustamente ignoradas até dentro do circuito underground... como o Howling Hex (aliás, nem sei se há alguma relação de influência, mas os dois tem um certo desleixo agradável na produção).

Bom, é a primeira vez que faço uma entrevista em nome deste humilde blog! Um marco, sem dúvida! E estreando com essa banda que é sensacional, diretamente de São José dos Campos, SP, vamos à entrevista com BRENO BACCI - além de tocar guitarra e baixo, faz vocal e é o principal compositor. Um ótimo letrista, por sinal.

1) qual a formação atual do Quinzedene? É você sozinho que assina as músicas? Tem parcerias? onde você costuma gravar as músicas? Quem gravou com você?
Hmmm.. Essa pergunta é difícil... Eu vejo a Quinzedene como um grupo de amigos num projeto interminável... Todas as pessoas que colaboraram (e ainda colaboram) com as gravações e composições já foram parceiras de banda no passado, e atualmente não têm nenhum projeto sério. De todo o arquivo de músicas que tenho gravadas, a maioria foi composta por mim. Divido a autoria de "Cabô" com Phillipe Sousa e meu irmão Bruno Bacci; as cinco músicas com bateria (Helpless Melancholy, Fifteen Days, Bullshit Propaganda, Either e For Planes the Sky) foram compostas por mim e pelo André Dell'Áquila, e diversos outros amigos ajudaram na gravação de algumas faixas. Estas cinco músicas deram origem ao nome do projeto - inicialmente para identificar as gravações no computador, chamava-se "Quinze Dias de Maconha" ;) Com o tempo e a preguiça de digitar, passou-se a chamar simplesmente QUINZEDENE. Algumas músicas foram compostas antes destes "'quinze dias" que nos enfurnamos na casa do André para gravar. A grande maioria foi composta depois e gravada na minha casa, com a colaboração dele e de outros amigos. Todas as letras foram compostas exclusivamente por mim, exceto por "Cabô", que foi escrita em conjunto com o Phillipe. A gravação, que poderíamos chamar de "semi-artesanal", é normalmente feita com equipamentos "que dão pro gasto," em nossos computadores. Passei a dividir o processo de gravação/composição em quatro estágios.. O quarto e último será quando iremos a um estúdio profissional para gravar com o máximo de qualidade possível.










2) dá pra notar um estilo rock and roll clássico, cru, puxando pro folk/blues. de onde vem isso, quais são as tuas influências?
Eu cresci cantando Elvis Presley e as modas de viola mais roots da época. Passei por uns períodos negros no que se refere a gostos musicais, até redescobrir o rock and roll clássico com Beatles, The Doors e Led Zeppelin. Não demorou muito até que eu me apaixonasse por Bob Dylan, Wilson Pickett, Aretha, etc... Para evitar ficar me repetindo nos acertos dos outros, sempre tento misturar minhas influências com aquilo que gosto do que está na moda (White Stripes, Black Crowes, Joss Stone..), com aquilo que aprendi a gostar com meus amigos (Grunge e Punk); e com aquilo que todos nós gostamos, embora dificilmente vamos admitir (Samba, Soul, Funk, etc).



3) Você planeja dominar o mundo? ou é apenas um cara tímido que vai sempre ficar no anonimato?
Sim, eu sou tímido, mas não gosto da idéia de ficar para sempre no anonimato. Mas não gosto da idéia de fazer qualquer coisa para alcançar notoriedade. Por esta razão, venho tentando divulgar nosso trabalho pela internet. É difícil dizer o que eu não faria de modo algum pela fama, mas acho que pacto com diabo e gravar um álbum idiota pra tocar no Faustão seriam algumas delas. Quanto a dominar o mundo, acredito que minhas letras trazem mensagens que podem sim ser úteis para algumas pessoas. No entanto, sinto-me obrigado a ser coerente com o que escrevo. Eu falo de simplicidade, de honestidade e humildade. Minha vontade de ver milhões de pessoas cantando minhas músicas e ganhar rios de dinheiro não pode vir primeiro que esses valores.

4) Descreva um típico ensaio do Quinzedene. Como é, rola muita bagunça e drogas?
Hehehe... Já rolou muito mais... Hoje somos quase senhores!! Falando sério, não é um requisito básico; mas todos nós somos adeptos da filosofia psicodélica, em maior ou menor grau. Hoje em dia preferimos deixar os excessos para depois do ensaio, no entanto. Mas, geralmente, todo ensaio é confundido com festa.

5) Como encara essa questão de português versus inglês nas letras ? Existe algum motivo específico pra você fazer mais letras em inglês ? Você acha que o português vai ser extinto? Em quanto tempo?
Escrever em português é mais difícil. Não é que eu não o faça por preguiça, mas é muito mais fácil que você acabe parecendo um grande idiota - basta ouvir algumas bandas no PalcoMp3. Dois motivos básicos me levam a escrever mais em inglês: 1- tenho mais facilidade para expor idéias de maneira poética, criar melodias de vocal e adaptá-las ao instrumental quando escrevo em inglês; 2- infelizmente, nossa língua não chega nem perto de ser tão universal quanto o inglês... Não escrevo SÓ para os brasileiros e portugueses, mas tento fazer minha mensagem ser ouvida pelo maior número de pessoas... Muitos brasileiros podem entender o que canto, mas quantas pessoas no mundo conseguem entender quando canto em português?

Um outro motivo menor... Não entendo o porquê de tantos brasileiros defenderem nossa língua pátria tão firmemente da "invasão inglesa"... Pelo pouco que sei da história de nosso país, a gente deveria odiar nossa herança lusitana, e não amá-la... Minha opinião é que a xenofobia brasileira é um tanto quanto burra. Quantas músicas em tupi ou em línguas africanas sabemos cantar? De um lado defendemos nosso idioma dos estrangeirismos e o usamos como uma barreira contra nossos "hermanos" latino-americanos. Do outro lado, nos tornamos nos últimos anos a exata cópia do consumismo frenético anglo-saxão... Afinal de contas, queremos ou não nos tornar os Estados Unidos do século 21? Tomara que não, mas tenho uma impressão que o Brasil tem uma propensão a pegar tudo que é ruim da cada civilização. Este "ódio ao inglês" tipicamente francês é algo que considero uma grande bobagem, tanto aqui como lá. Não sou daqueles que considera a globalização como a uniformização das culturas - acredito que um maior intercâmbio é benéfico a todas as culturas, se nos prevenirmos das tolas tentativas de massificação do saber criativo.

Acredito que o português jamais vai morrer. Nem o latim morreu ainda, na minha opinião.

Até mais Germano, desculpa pelas respostas longas.. ;)

Essas foram as respostas de Breno... depois a gente conversa mais e publico aqui pra todo mundo ter acesso. BeLeZa?

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