quinta-feira, 21 de outubro de 2010

ao trabalho

De todas as distorções da sociedade, uma das mais graves é a desvalorização do trabalho - e aqui eu me refiro, mais do que à parte financeira, ao preconceito para com certos afazeres ((mas, claro, eu sei: a falta de dinheiro e o preconceito tem relação íntima)). Como disse Gurdjieff, nenhum trabalho jamais é em vão. Você está desenvolvendo habilidades, desenvolve fôlego e capacidade. Mesmo que não resulte imediatamente em algo lucrativo ou de prestígio. O primeiro passo para ganhar dinheiro é se valorizar enquanto trabalhador, e assumir que tudo é trabalho, tudo é aprendizado. E tudo também pode ser diversão. Menosprezar o que você faz é se menosprezar - seja sempre o que você é e faça sempre o que você faz, e dê valor a isso.

Recentemente larguei um emprego, no qual fiquei acho que um mês. Foi uma decisão completamente irracional, guiada pela intuição. Deixei o emprego de uma forma brusca e dolorosa para os envolvidos. Mas fiz a coisa certa pra mim. Sendo que continuar no emprego seria certamente a coisa errada para todas as partes, já que eu realmente não estava rendendo.

Então vou me lançar no trabalho com coisas artísticas com um nível cada vez maior de exigência comigo mesmo, e com expectativa de algum tipo de retorno e reconhecimento. De todas as formas de profissão poucas são tão desvalorizadas quanto a arte. O artista não-famoso é um perfeito zé-ninguém. Conheci agora há um pouco um excelente artista, o palhaço Cavaco. Ele se apresentou no dia das crianças da ocupação do Edficio Trianon (pelo MTST, ainda vou escrever sobre isso) e conversamos um pouco. Ele disse que ao se apresentar na rua ele diz "Muito obrigado, que vocês sejam felizes e que seus filhos sejam artistas de rua". Isso soa como uma praga nos ouvidos de quem deseja ver seus filhos infelizes (porém regulares) funcionários públicos, infelizes (porém ricos) advogados.

Essa desvalorização do trabalho do gari, da diarista, a existência do trabalho escravo ainda nos dias de hoje, são mostras de o quanto homem tem a evoluir.



Então, ao trabalho com a evolução.

Um comentário:

Daniela Pessôa disse...

botô pra fuder german, adorei, lindo!