segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

fiquei indignado com isso

Guinga agredido na Espanha

Compositor leva soco de policial em aeroporto e perde dois dentes. Casaco do músico foi roubado


Carol Medeiros


Rio - Uma passagem pelo inferno. Foi assim que o compositor Guinga — autor de vários sucessos da MPB e reconhecido internacionalmente pelo seu talento ao violão — descreveu o que deveria ser apenas uma escala de três horas no Aeroporto Barajas, em Madri. A conexão de seu vôo da Ibéria, que saiu de Roma, na Itália, em direção ao Rio, acabou se transformando em uma "estada" de três dias de muita humilhação, quando o músico teve um casaco com dinheiro e passaporte roubado e foi vítima até de agressão física. O autor de 'Bolero de Satã', sucesso na voz de Elis Regina, perdeu dois dentes ao levar um soco na boca de um policial espanhol.

Ironicamente, Guinga, cujo nome verdadeiro é Carlos Althier de Souza Lemos Escobar, é neto de espanhol. Mas nem a ascendência européia foi capaz de lhe garantir tratamento respeitoso e digno. Depois de passar um dia inteiro no aeroporto esperando por um vôo que nunca saiu, sem nenhuma previsão ou informação da companhia, ele teve que dormir na cidade e tentar uma conexão no dia seguinte. Mas no sábado, novamente, não haveria partida da Ibéria para o Brasil. Ao passar seus pertences pela esteira de raio-X, o pior da viagem começou.

"Coloquei minhas duas mochilas, sapatos e o casaco com 400 euros e 200 reais, passaporte, chave de casa, carteira com todos os documentos na esteira. Fiquei esperando e o casaco não voltou. Reclamei com o policial e ele disse que não era seu problema, para eu procurar a minha embaixada. Eu tinha acabado de ser roubado, era sábado, e ele não fez absolutamente nada para me ajudar", conta.

Depois de tentar auxílio "de uma dezena de policiais", Guinga foi ao posto da Polícia Nacional da Espanha e, exaltado, pediu que o ajudassem. Sem passaporte, ele não poderia embarcar. "Mais uma vez me disseram para procurar a embaixada brasileira. Quando vi, estavam me empurrando para fora do posto e um policial me deu um soco.

Senti dois dentes caindo na hora. Saí dali destruído por dentro. Com 60 anos, sem dinheiro, sem passaporte, sem dente, humilhado. Eu não tinha mais o que fazer".

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