quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

recife tecno brega

Na terça, fui a festa do Morro da Conceição, festa muito tradicional aqui no Recife. A gente parou num barzinho q o DJ tava botando grandes sucessos do tecno brega local. Tá rolando esse lance aí todo de "Novinha", palavra da moda, e eu ainda não tinha prestado muita atenção... Deve ter tocado umas 15 músicas com essa palavra! Cheias de segundas intenções. Tem algumas até envolventes, mas repetitivas demais. É curioso que a gente tenha chegado nesse ponto musical, retrocesso, porque todas essas músicas são de um primarismo absurdo.

Muitas das coisas que eu ouço e aprecio também são primitivas (rock pode ser muito primitivo), mas não sei, falta um elemento nessa parada, é tudo óbvio demais. Falta Liberdade, Individualidade (como também acontece nas rodas de pagode de hoje em dia: falta cuíca). Falta Destruição e Reconstrução. Falta melodia. E eu até curti uma ou outra, mas quando penso que o pessoal praticamente só ouve isso, cheira a lavagem cerebral. Existe uma certa louvação intelectual sobre esse circuito brega, mas acho que é coisa de quem não mora no morro e não aguentaria viver essa realidade. È legal você que mora em bairro classe média ouvir isso numa festa às vezes, mas você não aguentaria viver o tempo todo escutando isso. Você consome a música fora do contexto social suburbano, acha engraçado, faz um texto louvando a hipotética independência do circuito tecno-brega. É interessante mesmo o fato de se estar produzindo música local e gerando um público próprio. Mas acho que alguns textos romantizam isso. E aí o intelectual depois vai ouvir seu Chico Buarque. No morro, é diferente, você escutaria isso o tempo todo.

O ponto de vista masculino predomina, mas cheguei a ouvir música feita pelas mulheres, também revidando na mesma moeda. Talvez nesse universo não façam sentido os conceitos de machismo ou feminismo. As coisas são simplesmente "Ploc Ploc é o barulho da Tchequinha batendo no meu chicote", sem perigo de romantismo, sem reflexão, sem política. É como se o mundo fosse só esse sexo pelo sexo, tendo como alternativa a Igreja Universal. Parece que o sexo é uma coisa que está fora do mundo e aliena, é mecânica pura. De todo jeito, geralmente quem faz as músicas são uns caras adolescentes, que do dia pra noite viram estrelas nesse circuito brega dos subúrbios e além. Isso relativiza um pouco a questão dessa busca por ninfetas, mas ela ainda existe. Acho que esse tipo de letra sugere um desajuste social entre a mulher e o homem, causado por essa cultura esquizofrênica. Equilibra esse Yin-Yang, Recife.

http://youtu.be/qS4CmLzAN7w

m m

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