quinta-feira, 19 de maio de 2011

Leituras do momento: Jason, Peter Pan

Leituras do momento:

PETER PAN.

Na edição barata e bem cuidada da L&PM. O livro de James Mathew Barrie, escocês, é daqueles que transcende o rótulo "infantil", porque é um dos textos mais inteligentes que eu tenho notícia, recompensador, cheio de imaginação, bem humorado. Estou ainda no começo. Mas já sou fã.

E o mais legal é que as aventuras dele tem uma linguagem profundamente simbólica, e tem uma observação profunda do ser humano, e tem uma lógica própria das histórias inventadas pra crianças. Embora seja às vezes sangrento, uma aventura realmente perigosa. Ai vai um trechinho:

"Peter pensava em tudo.
- Slightly- ordenou - vá buscar um médico.
- Afirmativo - respondeu Slightly no ato, e sumiu de vista, coçando a cabeça; mas sabia que Peter devia ser obedecido e retornou pouco depois, usando o chapéu de John e exibindo uma expressão solene.
- Com licença - disse Peter, aproximando-se dele-, o senhor é médico?
A diferença entre Peter e os outros meninos, em momentos como aquele, era que eles sabiam que era faz de conta, e para ele o faz de conta e a verdade eram exatamente a mesma coisa. Isso às vezes lhes causava problemas, como nas ocasiões em que tinham de fazer de conta que já tinham jantado."

WHAT I DID, de Jason.

È uma coletânea em capa dura com três trabalhos do cartunista: "Hey, Wait", "Shhhh" e "The Iron Wagon". Pra quem não conhece, embora inda não tenha sido publicado no Brasil, Jason é um cartunista genial, norueguês, publicado pela Fantagraphics lá fora, conhecido pelo estilo minimalista dos seus desenhos, sempre com bichos antropomórficos. Só lendo pra ver. Ele é muito bom. Ainda não terminei "The Iron Wagon", que é a história mais diferente do volume por sem em cor vermelha e ter muitas palavras (adaptação de um romance norueguês). "Hey, Wait" e "Shhhhh" são histórias minimalistas, falando da vida. Da vida de seus personagens e das nossas. Algo bem universal, mesmo nos seus desdobramentos surreais, sabemos que ele está falando de algo muito cotidiano, muito humano, apesar das cabeças de pássaro, coelho ou cachorro dos personagens.

Aí eu pergunto: como é que esse cara ainda não foi publicado no Brasil? È muito bom, geralmente em preto e branco ou uma cor só, e algumas das histórias nem precisariam de tradutor. Enquanto isso, se publicam coisas altamente mais ou menos.... Não entendo mesmo. Cadê o bom gosto de vocês, galera das editoras?

Jason tem outro volume-coletânea chamado ALMOST SILENT, também em capa dura e com quatro trabalhos diferentes. Desde já na minha lista pra comprar quando tiver grana!

Recomendo.

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