sexta-feira, 24 de setembro de 2010

relembrando Neal Adams


Goste-se ou não dele, poucos autores de quadrinhos foram tão inconfundíveis e virtuosísticos quanto Neal Adams. Especialmente em se tratando do mainstream dos quadrinhos americanos, onde ele fez a sua fama.

Pessoalmente, à medida que o tempo foi passando eu já não me identifico tanto com os trabalhos dele, pois além de lidar com super-heróis, ele exagera demais as expressões faciais, mesmo num estilo artístico mais próximo do realismo. Hoje prefiro algo mais sutil.

Mas não posso deixar de ficar boquiaberto com as experimentações que esse senhor produziu nos anos 60 e 70.

Foi um cara que soube como poucos (Jim Steranko vem à mente) traduzir pop art, optical art, surrealismo para o mundo dos quadrinhos. Se abrir às influências de mestres dos quadrinhos como Will Eisner(the spirit) , Bernie Krigstein (EC COMICs) para aplicá-los a um novo contexto. E sem dúvida, ele encarnou como poucos a mudança no mercado editorial e as novas possibilidades do mercado editorial, fazendo a transição da ingenuidade do começo dos anos 60 (a era Marvel por excelência) para uma fase mais complexa dos quadrinhos, em que drogas e outros temas mais polêmicos podiam ser debatidos dentro de um gibi (vem à mente a série Arqueiro Verde & Lanterna Verde, com roteiro de Denny O´Neil).












A série do Desafiador, por ser sobre um cara que transitava entre o mundo dos vivos e o dos mortos (daí o nome original do personagem, Deadman) possibilitou a ele explorar um potencial lisérgico-místico, dando margem a belíssimas composições.
Um belo texto sobre o trabalho de Neal com este personagem: http://www.entrecomics.com/?p=8966 . O Desafiador aliás, foi criado por Arnold Drake e Carmine Infantino. Tem um dos uniformes mais estilosos e simples de todos tempos! Um bom tempo depois, o Desafiador foi genialmente rabiscado por outro grande ilustrador, José Luiz Garcia López.

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