domingo, 14 de setembro de 2008

Leões de Bagdá

Cara, recentemente li o muitíssimo comentado "Os Leões de Bagdá" (Pride of Baghdad)
de Brian K. Vaughan e Niko Enrichon.
Uma das graphic novels mais elogiadas dos últimos tempos.
Comprei botando fé.
A opinião: funciona até um certo ponto, mas está longe de ser uma obra-prima.

É uma pena.
Isso pra mim diz muito a respeito da falta de rigor que se observa na crítica sobre quadrinhos, da falta de roteiristas bons no cenário americano de quadrinhos e do esgotamento da linha Vertigo da DC Comics.

Apesar de ter um tema muito excitante e original (um fato real - durante um ataque americano, o zoológico de Bagdá foi destruído e os leões circularam livremente pelas ruas de Bagdá), o roteiro elaborado por Vaughan não consegue aprofundar nem dar beleza à estória que ele se propõe a contar.

O roteiro desperdiçou a oportunidade de abordar o lado mais humano ou desumano da guerra, de fazer reflexões. Elegeu incompreensivelmente um urso como vilão da trama (totalmente desnecessário, parecendo uma tentativa desesperada de ser hollywoodianamente emocionante) e resultou em algo esquemático e pouco interessante.

O ponto positivo foi a arte, que no entanto não justifica sozinha a aquisição do trabalho.
Algumas sacadas do roteiro foram muito boas, mas o conjunto da obra....
Eu esperava um pouco mais. Do jeito que está, é apenas um relatozinho de aventura com pitadas de crítica social, uma coisa sem consistência, algo que não é nem profundo nem simples, uma coisa que ficou no meio do caminho.
Mas muita gente gostou e você pode gostar, de repente é a sua praia.
A edição nacional da Panini estava muito boa, preço acessível, ótima impressão, etc.

..../-

O próximo post quero escrever sobre Grant Morrison e seus Sete Soldados da Vitória. Sim, sei que estou um pouco atrasado, mas quero escrever um pouquinho sobre isso. Porque no fim das contas, a renovação ocorrida nos anos 80 com a invasão britânica trouxe para os quadrinhos grandes roteiristas britânicos. E depois, dos anos 90 em diante, não houve nenhuma revelação que se compare ao brilhantismo de gente como Alan Moore, Neil Gaiman, Peter Milligan e Grant Morrison. E os trabalhos mais recentes de Morrison comprovam que ele é um dos mais incansáveis roteiristas dessa geração e um dos poucos que não deixou a peteca cair (junto com Alan Moore - sua maior influência e maior desafeto). Mais do que isso, eu acho que Morrison vem evoluindo!

Mas isso é assunto para o próximo post.

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