segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Our lives are Swiss

A maior prova de que a poesia é vital para o ser humano é que ela não pode ser traduzida.
Mas aqui tentei verter para o português um poema de Emily Dickinson (1830-1886).
Aí embaixo o original e a tradução :


Our lives are Swiss, ---
So still, so cool,
Till, some odd afternoon,
The Alps neglect their curtains
And we look farther on.

Italy stands on the other side,
While, like a guard between,
The solemn Alps,
The siren Alps,
Forever intervene!

..>>........................................................



Nossas vidas são suíças.
Tão quietas, tão frias,
até que em uma tarde incomum,
os Alpes abrem suas cortinas
E nós olhamos além.

A Itália permanece do outro lado.
Como um guarda entre os dois,
Os solenes alpes,
Os sirenes alpes
Para sempre se interpõem.

(tradução de Germano Rabello)

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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Joe Kubert (1926/2012)

Poucas coisas me comovem tanto como histórias em quadrinhos, e como os criadores das histórias em quadrinhos e suas vidas, notoriamente sacrificadas e seus talentos nem sempre reconhecidos. Talvez o público em geral não saiba quem é, mas no meio dos quadrinhos poucos nomes são tão reverenciados como o de Joe Kubert (1926/2012). Kubert nasceu na Polônia, de família judia, mas viveu nos EUA sua vida inteira. Ele morreu agora neste domingo Além da importância que ele teve como desenhista e co-criador de diversos personagens, manteve uma escola de quadrinhos que foi referência para várias gerações.

Entre os primeiros gibis a que tive acesso, estavam algumas edições dos anos 70, de heróis como Super-homem, Tarzan e Capitão Marvel. Eu nasci nos anos 80, mas a minha mãe guardado essas edições da EBAL para nós. Quando eu cresci e pude entender melhor o que aquelas revistas me passavam, descobri que entre os artistas haviam nomes essenciais para a HQ moderna. A narrativa impecável de Joe Kubert estava em uma dessas revistas, Tarzan n. 37, junho de 1979. Aqui vai, portanto 2 páginas brilhantes dessa HQ do Tarzan quefoi marcante para minha infância: Tarzan tem alucinações após invadir o banquete de uma tribo africana e roubar sua comida.

Tarzan. Art by Joe Kubert.
Outra coisa brilhante que Joe Kubert tem no currículo são as histórias do Sgt. Rock e do Às Inimigo, alguns dos melhores quadrinhos de guerra de todos os tempos, com roteiros inteligentes e realistas (geralmente escritos por Robert Kanigher; eram bem avançados para sua época). Com Joe Kubert desenhando, dificilmente pode sair coisa ruim. Tenho vontade ler suas obras tardias, como a graphic novel "Fax from Sarajevo" que nunca saiu no Brasil (quem sabe agora?). No mais, uma grande perda para os quadrinhos, um mestre do desenho e da narrativa. Ontem estava vendo Caetano Veloso filosofar sobre cinema, e o que ele fala sobre cinema americano também se aplica aos quadrinhos americanos: existe um domínio da narrativa, mesmo que o roteiro seja bobo, existe uma clareza de contar essa bobagem, que não existe na Europa, que é muito específico da nação americana. Mesmo considerando que Joe Kubert e vários outros eram estrangeiros ou filhos de estrangeiros, o florescimento das histórias em quadrinhos acontece lá, de maneira mais selvagem, desenfreada. E ainda mais, existe algo de muito forte, muito moderno e primitivo ao mesmo tempo, quando se pensa em Alex Toth, Jack Kirby, Harvey Kurtzman ou em Kubert (em geral, judeus americanos.)

As suas influências estão em todo lugar, em Neal Adams, em Jordi Bernet, tantos outros. Seu trabalho é continuado pelos filhos também quadrinistas Adam Kubert e Andy Kubert (eu nem gosto deles, pra ser sincero). Sua escola formou gente como Stephen Bissette, John Totleben, Tim Truman, Rick Veitch, Alex Maleev, Eric Shanower, etc e eu tenho certeza que são muitos outros etc.

In Comic-Book Profiles #1 (1998), Neal Adams had this to say about Joe Kubert:
It’s one thing to be a comic book artist, and it’s another to be a man and be a comic book artist, and Joe is that. Since I’ve been in the field, I’ve discovered that there are very few in the comic book business that you really can respect wholeheartedly. Joe is one of those.



Alguns links:
http://en.wikipedia.org/wiki/Joe_Kubert
http://www.wired.com/geekdad/2012/08/joe-kubert-honored-save-for-dc/
http://srbissette.com/?p=15464
http://www.newsfromme.com/2012/08/12/joe-kubert-r-i-p/
http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/livros/2012-08-13/morre-joe-kubert-um-dos-maiores-quadrinistas-americanos.html



quinta-feira, 7 de junho de 2012

ENIGMA _ Peter Milligan

Você poderia dizer que tudo começou no Arizona. Há 25 anos. Numa fazenda.

Uma fazenda comum no Arizona.

O tipo de lugar onde você tem relações sexuais com seus pais e termina matando alguém.

Na fazenda havia um poço.

O poço era fundo e quase seco, cheio de insetos e lagartos, mas com muito pouca água.

O poço era como um homem velho que havia perdido o desejo de se vestir toda manhã.

O poço ficava sentado o dia todo em seu pijama esperando alguma coisa acontecer....

terça-feira, 17 de abril de 2012

Camisa de Vênus _ Só o fim

Vale a pena relembrar essa. Na época eu era muito criança, achava engraçado, mas na verdade é uma canção levemente deprê, uma das mais ácidas e lúcidas deste nosso rock brasileiro anos 80. Segura.

http://youtu.be/841V5AjZOX0

quinta-feira, 8 de março de 2012

Super Morrisey Bros

Smiths Mario tudo a vê!





dfhfdhdh



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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

PEL MEL

Tem várias bandas boas a serem descobertas da cena australiana / neozelandesa dos anos 80.
PEL MEL é uma dessas bandas, com tendências new wave/ pós punk! Sonzinho bem agradabile.

videoclipe bem vanguarda pra época
Head above water

Head above water

Blind lead the blind

Blind lead the blind
http://www.youtube.com/watch?v=c5uEXBnmNOg


Algumas músicas podem ser escutadas via Grooveshark!
Uma das mais marcantes é Ipanema Mon Amour, procurem essa.
http://grooveshark.com/search/song?q=pel+mel

WIKIPEDIA:
Pel Mel was an Australian post-punk music band. They formed in Newcastle, Australia in mid 1979 and moved to Sydney, Australia in late 1980. They toured and recorded until 1984

Albums

  • Out Of Reason (1982, GAP, GAPLP2001)
  • Persuasion (1983, GAP, GAPA2002)
  • Live 1980 (Inner City Sound, 1808CD)


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

tintin

Gostei bastante do Tintin de Steven Spielberg. Mas tem o seguinte: o pessoal tá aproveitando q é tudo digital pra fazer punhetagem com movimentos de câmera impossíveis na vida real. Vamo acabar com essa leseira, que isso praticamente cagou o filme. É tanta volta que a câmera dá, que no fim das contas contas ninguém entende porra nenhuma do que tá acontecendo e ainda sai zonzo. Espero que isso esteja corrrigido no próximo projeto do diretor, Ranxerox em Nova Iorque. (brincadeira, gente) mais legal de Tintin são as interjeições de espanto: "Meu papagaio louro!" . Tem um monte de coisa que funciona muito bem no filme, mas talvez a geração multiplex não consiga captar. E é uma interpretação mais sombria, mais realista, uma adaptação mais próxima do Tintin de verdade teria menos sombras, mais cores chapadas. Me deu vontade de ver Ranxerox nessa técnica (é brinks, viu gente) e deu a certeza de que Spielberg era o cara pra fazer a Liga Extraordinária nos cinemas (o volume I é puro Indiana Jones).

Um pensamento

"Trocar as poltronas giratórias do parlamento por tamboretes.
Vá lá que o cabra não faça nada, mas ficar encostado e rodando já é demais!"
(Jessier Quirino)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

EXPRESSO 2222

Aumenta que é rock.

Aumenta que isso é baião, é MPB cabeça das melhores.

Gil é o nosso roqueiro doideira e é também nosso ídolo zen. É o nosso violonista quase João Gilbertiano, quase Jorge Benjoriano, é o nosso Chuck Berry, é um artista completo.

Expresso 2222 faz quatro décadas! Nem parece, é tanta vitalidade que ele tem, disco admirável.

É lindo, diria o Caê.

E pra baixar o disco é aqui
http://umquetenha.org/uqt/?p=203





E trechos de Gil na época tocando ao vivo. Ou não ...
Inclusive a genial participação da banda de pífanos de Caruaru!










Expresso 2222

Expresso 2222


Back In Bahia

Back In Bahia


Pipoca Moderna (com a banda de Pífanos de Caruaru)


Pipoca Moderna
http://www.youtube.com/watch?v=LUe5tFW_pbE


Link

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

segundo Paulinho do Amparo...

... o Gênesis foi assim:

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foi deus quem fez isso tudo
aí ele fez um homem e uma mulher de barro
mas eles eram muito parecidos e por isso brigaram

aí deus quis consertar as coisas
pois tudo é tentativa e erro e
fez uma mulher de costela pra ele

o homem e a mulher costela eram felizes
muito felizes mesmo
tão felizes que comeram uma fruta venenosa pra se matarem

"não foi culpa da cobra não"
berrou deus pros dois coitados,
"eu faço tudo do bom e do melhor e voces acharam pouco!"

aí botou os dois pra fora do paraíso:
"vão pagar aluguel na casa do cão!"
e passou uns vinte dias bebendo e se queixando com raiva

fora do paraíso o casal brigou de novo
e deus teve que intervir:
"pois agora vai ter machismo canalha e feminismo paranóico!"

tinha muitos diabos trabalhadores no mundo
e o casal de gente foi trabalhar também e
acabaram morrendo finalmente

"quero ver quem é mais baba ovo rochedo!"
e os garotos trouxeram tudo o que tinham e
deram pra deus

aí deus só pra estragar disse que o
presente de um era bom e o do outro era
uma merda

e foi dormir cheio de cachaça e
orgulho besta de todo poderoso
aí um irmão pegou o outro na covardia e matou

depois ficou dando uma de doido
quando deus perguntou, mas deus já sabia da resposta e
se emputeceu de novo

‎"raça ruim do caralho!"
e mandou um anjo comprar mais skol latão
ligou a televisão e ficou rindo de chapolin colorado

foi mais ou menos nessa época que
a turma começou a se revoltar e planejar se vingar de deus, mas
deus vai destruir tudo antes

com um simples puxar de uma descarga
uma boa noite de sono, quem sabe se apaixonar de novo e
recriar o universo pra agradar alguma deusinha safada dessas...

"quer dizer que voce cria essas merdas na maior das irresponsabilidades, não é, inexistente pateta todo poderoso?"

"bote fé, paulinho trummer... é mais ou menos como tu fica escrevendo tuas merdas no fcbk..."

‎("a bíblia segundo irmão paulinho do mau caminho", igreja do triplo xamanismo contemporâneo da organização do reino das trevas-xxx/ort, 2012.)

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coletado do Facebook de Paulinho do Amparo.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Luíza no Canadá obra-prima das propagandas de apê

tos de vocês não curtiram a repercussão da Luíza que estava no Canadá.

c c

Propagandas de apartamento são a forma mais rasteira de publicidade que existe, empatado com comercial de supermercado e de farmácia. Não se espera nenhuma criatividade vinda daí. E não que o comercial da Luíza seja lá essas coisas, é fraquinho como todos esses comerciais, se não fosse pelo detalhe da Luíza estar no Canadá. Na hora h, o pai da família menciona o Canadá, a Luíza, adicionando uma dimensão afetiva, pois sente falta da filha e TEM que mencionar que ela está viajando. A família está incompleta, o que é comovente. Ele menciona o Canadá, talvez porque TEM que falar nesse intercâmbio chique que a menina tá fazendo, ostentar. Então pelo lado afetivo ou pelo lado sociológico, esse comercial ganha uma vida que nenhum comercial de apartamentos jamais teve.

E comercial de apartamento é um assunto ou não-assunto exclusivamente local. Fica restrito a uma cidade ou a um estado. Palmas pra Luíza que furou esse bloqueio e ficou famosa até no Canadá! Seja pela falta do que fazer, tiração de onda ou sei lá o que, o Brasil adotou como um MEME. Não adianta apresentador de telejornal vir com nhenhenhém; Luíza é sim um bom motivo pra conversar pois todo ser humano tem necessidade de conversar besteira.

De quebra, o assunto inspirou essas e outras musiquetas...


m1 m1


m2 m2

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Minha Sereia

Partindo pra Alagoas, embora não pra Pajuçara nem Maceió, deixo ocês com essa música.

....um ótimo reveião pra todos!

http://youtu.be/zVu0vleEQ-Q

2011

Esse ano não vou nem fazer muita retrospectiva, porque nem prestei tanta atenção assim, ou melhor: meu coração estava menos aberto.

Foi um ano infernal pra mim, sob alguns aspectos emocionais. De modo que meu comentário sobre 2011 é resumido pela fala de Adam Warlock em seus momentos finais.















"Pois neste período, as coisas que me importavam e que eu conquistei desmoronaram. Todos aqueles que eu amava agora jazem mortos. Minha vida foi um fracasso. Eu agradeço este fim".

Roteiro e arte de Jim Starlin, brilhante.

















CALMA gente meu ano nao foi tão ruim assim. Conquistei muitas coisas, fiz alguns passos importantes, e creio que 2012 vai ser uma época de colher frutos de alguns trabalhos q fiz.

Mas assim como Adam Warlock, eu agradeço este fim, pois significa um recomeço. E não, o mundo não vai acabar ano que vem, seus otários preguiçosos. Vocês ainda vão ter que viver!

Que venha 2012, com todas suas realizações alegrias e desafios!

PS: essas 3 imagens são de uma única e fatídica página da revista Warlock #11 (anos 70, o ano eu não sei). Eu "fatiei" pra que o blogger não diminuísse demais o tamanho delas, mas mesmo assim, clique pra ampliar.

Bootleg ´11

Ùltimas postagens do ano, tem algo que eu não botei aqui ainda por puro vacilo: a coletânea Bootleg ´11 do blog Outros Críticos. Eu participei com a arte da capa e uma faixa chamada "Assombrações" que a galera do blog curtiu a ponto de escolher como faixa de abertura. E estou em ótimas companhias. Da coleta participam: Graveola, Novanguarda, Jean Nicholas, HVB, Ana Ghandra, Trio Eterno, Flávia Muniz, Victor Toscano, Diaton, entre outros. São sempre gravações obscuras de autores do cenário independente. Já é, pelos meus cálculos, a 3a vez q eu participo. Todo ano tem: se ligue pra chegar junto na próxima. Saca lá no link.

http://outroscriticos.blogspot.com/2011/12/lancamento-bootleg11-coletanea.html

e pode ouvir por aqui tb

Coletânea Bootleg'11 by blogoutroscriticos

Boa fruição (freeeeeeeeescow!!!!!!!!!!)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

recife tecno brega

Na terça, fui a festa do Morro da Conceição, festa muito tradicional aqui no Recife. A gente parou num barzinho q o DJ tava botando grandes sucessos do tecno brega local. Tá rolando esse lance aí todo de "Novinha", palavra da moda, e eu ainda não tinha prestado muita atenção... Deve ter tocado umas 15 músicas com essa palavra! Cheias de segundas intenções. Tem algumas até envolventes, mas repetitivas demais. É curioso que a gente tenha chegado nesse ponto musical, retrocesso, porque todas essas músicas são de um primarismo absurdo.

Muitas das coisas que eu ouço e aprecio também são primitivas (rock pode ser muito primitivo), mas não sei, falta um elemento nessa parada, é tudo óbvio demais. Falta Liberdade, Individualidade (como também acontece nas rodas de pagode de hoje em dia: falta cuíca). Falta Destruição e Reconstrução. Falta melodia. E eu até curti uma ou outra, mas quando penso que o pessoal praticamente só ouve isso, cheira a lavagem cerebral. Existe uma certa louvação intelectual sobre esse circuito brega, mas acho que é coisa de quem não mora no morro e não aguentaria viver essa realidade. È legal você que mora em bairro classe média ouvir isso numa festa às vezes, mas você não aguentaria viver o tempo todo escutando isso. Você consome a música fora do contexto social suburbano, acha engraçado, faz um texto louvando a hipotética independência do circuito tecno-brega. É interessante mesmo o fato de se estar produzindo música local e gerando um público próprio. Mas acho que alguns textos romantizam isso. E aí o intelectual depois vai ouvir seu Chico Buarque. No morro, é diferente, você escutaria isso o tempo todo.

O ponto de vista masculino predomina, mas cheguei a ouvir música feita pelas mulheres, também revidando na mesma moeda. Talvez nesse universo não façam sentido os conceitos de machismo ou feminismo. As coisas são simplesmente "Ploc Ploc é o barulho da Tchequinha batendo no meu chicote", sem perigo de romantismo, sem reflexão, sem política. É como se o mundo fosse só esse sexo pelo sexo, tendo como alternativa a Igreja Universal. Parece que o sexo é uma coisa que está fora do mundo e aliena, é mecânica pura. De todo jeito, geralmente quem faz as músicas são uns caras adolescentes, que do dia pra noite viram estrelas nesse circuito brega dos subúrbios e além. Isso relativiza um pouco a questão dessa busca por ninfetas, mas ela ainda existe. Acho que esse tipo de letra sugere um desajuste social entre a mulher e o homem, causado por essa cultura esquizofrênica. Equilibra esse Yin-Yang, Recife.

http://youtu.be/qS4CmLzAN7w

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